Kriegsmarine -1°parte




Sob os termos do Tratado de Versalhes, a Alemanha só podia ter 15 mil homens, 6 couraçados (de não mais de 10 mil toneladas), 6 cruzadores, 12 destróieres, 12 torpedeiros e nenhum submarino. Porém mesmo antes da dominação nazista o rearmamento alemão havia começado com o lançamento do couraçado de batalha Deutschland em 1931.

Quando os nazistas chegaram ao poder em 1933 Hitler começou a ignorar as restrições do tratado e a acelerar o rearmamento alemão. O tratado marítimo anglo-alemão de 18 de junho de 1935 permitiu que a Alemanha construísse um equivalente a 35% da marinha britânica de superfície, 45% da frota de submarinos e qualquer couraçado não poderia ultrapassar 35 mil toneladas. Neste mesmo ano, a marinha do Reich foi rebatizada de Kriegsmarine e seu primeiro ato foi durante a guerra civil espanhola, quando os navios alemães junto às forças britânicas, francesas e italianas patrulharam a costa da Espanha para reforçar o embargo internacional.

Mais tarde, após a crise de 1938, a Alemanha deixou de obedecer às restrições à sua marinha e em meados dos anos 30 começou na Alemanha uma grande discussão sobre uma nova frota. Dessa discussão surgiram duas correntes sobre qual tipo de programa devia ser escolhido. A primeira focava uma grande frota de submarinos e uma frota de superfície menor para proteção da costa, este plano foi apoiado pela facção U-boat do comando da Kriegsmarine; a alternativa era uma frota mista com várias embarcações de superfície e uma frota menor de U-boats, esta era similar a Marinha Imperial Alemã da Primeira Guerra e a Marinha Real Britânica. No fim, este plano foi escolhido como programa da frota. Após modificações, foi chamado de “Plano Z”. Segundo este plano a Kriegsmarine cresceria para 800 unidades. Consistiria em 13 couraçados e cruzadores de batalha, 4 porta-aviões, 15 Panzerschiffe, 23 cruzadores, e 22 dos chamados Spahkreuzer (que eram grandes destróieres). Além disso seriam construídos muitos navios menores. Nessa época, o pessoal da Kriegsmarine era de 201 mil homens, mas este projeto nunca foi totalmente concluído.

Em abril de 1939, a Alemanha abandonou o acordo com a Inglaterra e 4 meses depois ela atacaria a Polônia. Com a expectativa de uma rápida vitória por terra, todos os trabalhos no Plano Z foram paralisados e, no mês seguinte, todos os navios do Plano Z incompletos foram desmontados e o material usado na construção de submarinos.

No começo, as marinhas britânica e francesa juntas tinham superioridade inabalável diante dos alemães. Se o Almirante Eric Raeder tivesse tempo e liberdade para fazer o que queria no Plano Z, a Kriegsmarine representaria uma ameaça a marinha real desde o primeiro dia da guerra. No entanto, a guerra veio cedo demais para Raeder cujas forças estavam despreparadas para tal missão.

Antes da guerra, o comandante dos U- boots alemães, Karl Donitz, calculou que precisaria de 300 dos últimos U- boats operando num sistema conhecido como “alcatéias”. Nesse sistema, os U- boats atacariam um comboio simultaneamente e surpreendiam os navios de defesa. Isso criaria pânico nos navios mercantes e, com o tempo, esta estratégia tiraria a Grã-Bretanha da guerra.

A realidade é que em 1° de setembro de 1939 a frota de U- boats consistia de 57 submarinos prontos para a ação. Seriam os U- boast tipo-2, pequenos e de curto alcance que foram usados para a colocação de minas e operações em águas britânicas. A frota alemã de superfície não estava muito melhor, a marinha real britânica era dez vezes superior à dos alemães e a Kriegsmarine não tinha força para enfrentar os aliados numa batalha de frotas pelo domínio do mar.

A estratégia alemã era baseada na frota comercial usando couraçados, cruzadores mercantes, submarinos e aeronaves. Em agosto os couraçados Deutschland e Almirante Graf Spee, que navegavam no Atlântico, atacaram os navios britânicos e franceses. Além disso, o U-boat U30 afundou o SS Athenia (um navio de passageiros) causando 112 mortes poucas horas depois da declaração de guerra violando uma regra internacional de guerra no mar.

Então a marinha real introduziu um sistema de comboio para proteger o comércio, chegando até o Panamá, Bombaim e Cingapura. Esse sistema permitiu consertar sua escolta perto do único lugar onde era certo encontrar U-boats... ..os comboios. Mas alguns oficiais da marinha britânica, principalmente o 1° lorde do almirantado Winston Churchill, buscavam uma estratégia mais ofensiva, acabando por formarem grupos de caça anti-submarinos baseados em porta-aviões para patrulhar as linhas de navios nas abordagens a oeste e para caçar os U-boats alemães. Porém, esta estratégia tinha erros profundos, pois o U-boat com sua silhueta minúscula conseguia localizar os navios de guerra e submergir muito antes de ser alcançado por eles. Os porta aviões não ajudavam muito. Apesar de conseguirem localizar os submarinos na superfície, nesta época, não tinham armas adequadas para o ataque. Daí os submarinos já estavam longe quando as unidades de superfície chegavam na localidade encontrada. A estratégia se revelou desastrosa em poucos dias.

Em 14 de setembro de 1939 o porta-aviões britânico mais moderno, o Ark Royal quase foi afundado quando 3 torpedos do U-39 explodiram antes da hora. O U-39 foi afundado pelos destróieres da escolta e esta se tornou a primeira perda de um U-boat na guerra. No entanto, o porta-aviões Courageous foi afundado três dias depois pelo U-32. Enquanto os destróieres permaneceram durante o primeiro ano da guerra fazendo a escolta dos grupos de caça aos U-boats, isso deixou os comboios ainda mais desprotegidos. O sucesso do afundamento do Courageous foi imenso, mas este ainda foi superado pelo comandante Gunther Prien no U-47, quando este obteve um feito até hoje invejável. O comandante Prien penetrou no ancoradouro naval britânico em Scapa Flow e afundou o HMS Royal Oak, tornando-se um herói na Alemanha.

Em maio de 1940, sem relação com seus antigos aliados do continente, a Grã-Bretanha dependia cada vez mais do controle de seu império e cada vez mais dos EUA. Acima de tudo, era essencial à sua sobrevivência proteger as linhas do Mediterrâneo e do Atlântico pois, se uma delas fosse cortada, as conseqüências poderiam ser fatais.

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